2009/05/11

Sobre o “caso Vital Moreira”

O PS exagerou ao exigir um pedido oficial de desculpas ao PCP e à CGTP. Não se pode garantir que os autores dos (lamentáveis) acontecimentos tenham sido militantes do PCP, nem este partido é responsável pelos actos de todos os seus militantes. Da mesma maneira, não se pode pedir à CGTP que se responsabilize por todos os participantes na manifestação. Foi um acto de indivíduos; as responsabilidades são individuais.
Refiro-me a desculpas oficiais. As desculpas no acto apresentadas pela CGTP, como organizadora no evento, eram inevitáveis. Ainda mais quando a própria CGTP tinha convidado o PS a visitar a manifestação. Reacções como as de quem diz que Vital Moreira “não deveria lá estar” e que tal “era uma provocação” nem merecem resposta.
Restam as reacções dos partidos. E aqui toda a gente, do Bloco de Esquerda ao CDS, condenou o sucedido. Com excepção do PCP. Está certo que não foram só militantes do PCP os responsáveis pelo sucedido. Se calhar nem foram mesmo miltantes do PCP de todo (até agora só se confirmou um elemento da Ruptura/FER). Compreendo a indignação de comunistas sérios como Vítor Dias, mas a verdade é que um acontecimento como este foi prontamente condenado por todos os partidos menos pelo PCP. A principal lição política a tirar deste caso é esta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Já escrevi o suficiente sobre o assunto para estar aqui a prolongar argumentos que algumas passagens do seu «post» justificariam.
Reparo entretanto que também o Filipe Moura repete, certamente por muito ouvir dizer, que houve um «convite» da CGTP ao PS.
Ora, para além do resto eu já li uma notícia sobre a reunião de um órgão da CGTP donde resultava claro não haver nenhum convite (obviamente nem ao PS nem a qualquer outro partido). O próprio Vital Moreira na entrevista de hoje ao «Público» já corrige o tiro e fala de uma tradição de cortesia que está criada.
Eu, fora o resto, estive 14 anos na Comissão Política do PCP e nunca ouvi falar de qualquer convite da CGTP à direcção do PCP para a ir cumprimentar no ínicio do desfile( e nem imagino como se escreveria uma carta dessas ).
E, para falar francamente, nem vejo que uma delegação partidária que, como faz a do PCP, queira desfilar no 1º de Maio da CGTP, não usando sensatamente elementos de desproporcionada propaganda partidária, precise para isso de autorização da CGTP.
É claro que o assunto é acessório mas dá vontade de reflectir ou de perguntar: como é que se cria e monta uma história como esta do «convite» da CGTP ao PS ?

Filipe Moura disse...

Caro Vítor Dias,
obrigado pelo seu esclarecimento. Como bem diz, o assunto é acessório. O principal facto político é o que aponto.

Luís Aguiar-Conraria disse...

"Como bem diz, o assunto é acessório. O principal facto político é o que aponto."

Pois, mas o facto principal é falso. O PCP lamentou o sucedido. Obviamente, como toda a gente lamentou. Excepto, eventualmente, o PS que mais do que lamentar o sucedido mais parece que se aproveitou do sucedido.